Câncer de Mama e Reconstrução Mamária

Autor: Dr. Vitor Nunes, 20/10/2022

Ainda no contexto do Outubro Rosa: Mês da conscientização sobre o Câncer de Mama, preparamos mais um artigo acerca dos tipos de reconstrução mamária.

Sabe-se que Cirurgia Plástica é uma especialidade muito conhecida pela sociedade. Procedimentos estéticos ganham destaque por seus resultados rejuvenescedores e também por melhorar a autoestima dos pacientes. No entanto, o que poucos sabem, é que a cirurgia plástica surgiu para corrigir deformidades que trazem prejuízos funcionais, como cirurgia reparadora. A cirurgia reparadora, hoje bastante importante no tratamento do câncer de mama, é voltada para a recuperação da forma e autoestima do paciente.

A indicação do tipo de tratamento deve ser individualizada, já que depende da especificidade do câncer, da cirurgia, da faixa etária, atividades de vida cotidiana, entre outros fatores. Além disso, a escolha deve ser sempre da mulher, após consulta e orientação de especialistas para que ela possa tomar uma decisão informada.  Cada técnica deve ser individualizada para cada caso e cabe ao cirurgião plástico orientar as pacientes sobre a melhor cirurgia reconstrutiva a ser realizada. É importante frisar que o foco principal está no tratamento do tumor, na cura da doença, desse modo a reconstrução não deve ser vista como uma opção de tratamento, e sim como continuidade terapêutica.

Quais as causas do Câncer de Mama?

Quais as causas do Câncer de Mama?

Assim como outros tipos de câncer, não apresenta uma única causa específica. No entanto, alguns fatores de risco são observados para a doença como:

  • Menarca (primeira menstruação) precoce e menopausa tardia;
  • Ausência de gestações;
  • Ausência de amamentação;
  • Obesidade;
  • Sedentarismo;
  • Tabagismo;
  • Consumo de álcool;
  • Alimentação industrializada e com excesso de gordura;
  • Estilo de vida muito estressante;

Qual a importância da Reconstrução Mamária?

Entendemos que, no momento do diagnóstico, a última coisa que passa pela cabeça da paciente é passar por algum tipo de cirurgia plástica por questões estéticas (e é perfeitamente normal dar mais atenção à sua saúde que a outras questões). Mas queremos discutir aqui o valor da reconstrução mamária na recuperação psicológica da mulher.

Quais as técnicas de Reconstrução Mamária?

Existem diferentes técnicas para reconstrução das mamas, e elas dependem da quantidade de mama retirada, do tamanho da mama das condições da paciente. Quando grande parte da gordura e pele da região for preservada, é possível apenas usar uma prótese de silicone abaixo do músculo peitoral maior para chegar a um bom resultado. Quando não é possível preservar parte da gordura e pele, há outras opções como o TRAM (Transverse Rectus Abdominus Myocutaneous). Nessa técnica o cirurgião retira parte do tecido excedente na região abaixo no umbigo e transfere para o local da mama, dando o formato de um novo seio.

Além disso, a mama também pode ser reconstruída com parte do tecido das costas – parte do músculo grande dorsal é retirado para substituir o tecido da mama. Outra alternativa é o uso de uma prótese expansora. Ela é colocada na mama e inflada semanalmente com soro fisiológico. Isso vai levando lentamente à expansão da pele até o momento em que ela possa ser substituída por uma prótese de silicone.

Nos casos em que o câncer acomete apenas uma das mamas, para garantir a simetria delas uma opção é operar também a outra mama ou fazer a colocação de próteses de silicone na mama acometida pelo câncer. Isso, somente é feito se for o desejo da paciente. Às vezes a outra mama apresenta caimento, muito ou pouco volume, então a operação pode ser uma opção para deixá-las com o mesmo tamanho e formato.

O tipo de cirurgia que será feita depende muito do estágio em que a doença foi diagnosticada, já que isto influencia no tamanho da mamoplastia, se será total ou parcial. De qualquer modo, como citado anteriormente, há 3 tipos de cirurgia reconstrutora:

– Uso de prótese de silicone

Quando grande parte da gordura e pele da região for preservada, é possível apenas usar uma prótese de silicone abaixo do músculo peitoral maior para chegar a um bom resultado. Conforme a individualidade de cada caso, pode ser necessário implantar próteses de silicone e ter o mamilo e a aréola reconstruídos, além de acertar a simetria com a mama oposta. Às vezes, é preciso realizar duas ou mais cirurgias para que o processo seja concluído.

– Enxerto pela região das costas

Esta técnica utiliza um tecido das costas e uma parte da musculatura grande dorsal, bem na altura da marca do sutiã, que é transferida para a região da mama que será reconstruída. Logo abaixo do músculo será colocada a prótese de silicone e a pele ajuda a compensar o tecido perdido durante a mastectomia.

Transverse Rectus Abdominus Myocutaneous (TRAM)

Essa técnica é utilizada quando não é possível preservar parte da gordura e/ou pele. É uma técnica que usa parte do tecido do abdome como um enxerto, transferindo-o para o local da mama para realizar a reconstrução e mantendo irrigação sanguínea neste local.

– Prótese expansora

Neste tipo de cirurgia é aplicada uma prótese expansora vazia, que vai sendo preenchida gradualmente com soro fisiológico, para que estimule o crescimento da pele natural da mama que foi retirada. Este preenchimento é realizado semanalmente até que seja possível trocar esta prótese expansora por uma versão de silicone. Todo o processo pode durar até três meses.

Todas as técnicas acima são consideradas para reconstrução mamária, e serão realizadas de acordo com a individualidade de cada paciente. A reconstrução mamária pode ser imediata ou tardia. A cirurgia é imediata quando a paciente passa pela mastectomia e pela reconstrução em um único momento cirúrgico, enfrentando apenas um período de recuperação e evitando a experiência de lidar com a ausência de uma ou das duas mamas. A reconstrução tardia é realizada quando a paciente não tem condições clínicas para realizar o procedimento imediatamente ou quando prefere focar inicialmente na recuperação da saúde e analisar com calma as opções de reconstrução após esse processo.

Existe um momento certo para realizar a Reconstrução Mamária?

A recomendação médica é que a reconstrução mamária seja feita, preferencialmente, logo após a retirada da mama, para que se aproveite o momento da cirurgia para fazer mais procedimentos e facilitar a recuperação. Entretanto, isso não é uma regra, já que muitas mulheres, por estarem passando por um momento delicado, não terem decidido ainda a hipótese de colocar uma prótese ou realizar a reconstrução mamária. Por isto a cirurgia pode ser feita, sem problemas, algum tempo depois quando a paciente se sentir mais confortável.

A Reconstrução Mamária pode ser realizada durante a quimioterapia ou radioterapia?

Não. Durante os tratamentos de quimioterapia e radioterapia a paciente não pode passar por nenhum tipo de procedimento invasivo ou cirúrgico.

A Reconstrução Mamária pode ser feita logo após a cirurgia de Mastectomia?

Sim, pode-se fazer a reconstrução no mesmo tempo da cirurgia de mastectomia. Nesse caso, a reconstrução é imediata. A reconstrução tardia ocorre quando a mulher faz a mastectomia e faz um tratamento adjuvante, como quimioterapia, radioterapia e terapia biológica. Nesses casos, evita-se fazer a reconstrução durante o tratamento, sendo indicada um tempo depois. Deve-se avaliar cada caso individualmente.

Como prevenir a retirada total das mamas?

No contexto do Câncer de Mama, para reduzir as chances de uma retirada invasiva das mamas é detectar a doença ainda em eu estágio inicial. Por este motivo a realização do autoexame mensalmente é fundamental para detectar algum sinal suspeito. Além disso, realizar consultas periódicas e realizar mamografias a partir dos 50 anos de idade.

O tratamento do câncer de mama é muito delicado, dessa forma é preciso estar lado a lado com um profissional que entenda seus medos, suas necessidades e que te dê apoio e segurança. Por isso escolher um profissional que tire todas as suas dúvidas em relação ao tratamento e a possível cirurgia de mamas é essencial.

Como ficam as mamas após uma reconstrução pós Câncer de Mama?

Apesar de a mama não ficar como antes, o resultado pode ser bastante satisfatório. As cicatrizes vão depender de cada situação e podem ficar maiores ou menores.

No entanto, o mais importante é o impacto positivo que esse tipo de cirurgia causa na autoestima das pacientes, que podem recuperar o orgulho pelo próprio corpo, além da retirada do tumor.

O tratamento do câncer de mama é bastante individualizado e cada caso pode ter uma abordagem completamente diferente do outro. Nesse contexto, esse assunto é bem prevalente no contexto da sociedade atual, e mostra-se a importância de uma abordagem multidisciplinar, com médico oncologista, mastologista, ginecologista e cirurgião plástico.

É fundamental conversar abertamente com o seu médico, colocar todas as dúvidas, esclarecer quais os seus objetivos e expectativas e ouvir quais os resultados possíveis, os cuidados pós-operatórios necessários e eventuais complicações. Agende sua consulta e passe em avaliação especializada.


Dr. Vitor Nunes

Dr Vitor Nunes

Cirurgião Plástico

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