Preenchimento com PMMA e seus riscos

Autor: Dr. Vitor Nunes, 26/07/2023

Já ouviu falar em preenchimento com PMMA? Tem curiosidades sobre o assunto? Saiba mais lendo o artigo abaixo.

Os procedimentos estéticos com preenchedores estão cada vez mais sendo procurados por homens e mulheres. O uso dessas substâncias preenchedoras vêm se popularizando na medicina, tanto para fins estéticos, tornando um rosto ou um contorno corporal mais atraente, quanto para a realização de correções decorrentes de patologias ou do envelhecimento.

Porém, com a disseminação de informações nas redes sociais, os usuários devem ter cuidado com a veracidade das informações. Uma delas o uso indiscriminado de preenchimento com Polimetilmetacrilato (PMMA).

O PMMA é uma substância utilizada na medicina há mais de 80 anos em diversas áreas. Desde a década de 80 o PMMA é estudado e utilizado como preenchedor de tecidos moles.   Entretanto, apesar do PMMA ser uma substância biocompatível, tem grandes chances de complicações, dessa forma não é recomendado por médicos especialistas.  

A SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) condenam o uso do produto para fins estéticos. Segundo o CFM (Conselho Federal de Medicina), o uso do PMMA não é seguro, tem resultados imprevisíveis a longo prazo e pode causar reações incuráveis, como inflamações, nódulos e necrose.

O que é PMMA?

O Polimetilmetacrilato (PMMA), é um material derivado do plástico, por esse motivo, é utilizado na bioplastia, pois não é absorvido pelo organismo com o passar do tempo. Esse composto já foi muito utilizado em procedimentos estéticos e serve de matéria-prima para a fabricação de utensílios de cozinha, brinquedos e diversos outros produtos. Entretanto, ao contrário do que muitas pessoas pensam, isso não é vantajoso.

Polimetilmetacrilato (PMMA)

O PMMA é injetado em forma de microesferas. Entretanto, ele deve ser purificado para que os diâmetros das esferas excedam 0,05 mm. Quando muito pequenas, as esferas podem causar complicações como reação inflamatória e alergias, pois são atacadas e absorvidas pelas células do sistema imunológico.

Quando aplicado em grandes quantidades, o PMMA pode se espalhar entre os tecidos e provocar uma série de complicações. Outro problema relacionado à diluição do PMMA no organismo é a dificuldade para retirar o produto caso seja necessário.

Por ser um implante definitivo, o PMMA pode causar complicações, como a formação de nódulos, enrijecimento da região, infecção, alergias, dor crônica, rejeição do organismo e até necrose do tecido.

Para que o PMMA é utilizado?

Esse material, o PMMA é utilizado em preenchimentos faciais e corporais definitivos. Porém, devido às complicações que já foram observadas após seu uso, o PMMA não é recomendado para fins estéticos pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Além disso, quando a quantidade de PMMA é excedida, pode causar complicações sérias no organismo, como uma embolia pulmonar e infecções graves. Por ser um material não absorvível pelo corpo, o PMMA, quando usado indiscriminadamente é muito perigoso.

Com o desenvolvimento de novas tecnologias, atualmente, existem várias substancias que podem ser utilizadas para fins de preenchimento e realçar traços do rosto. Um dos mais conhecidos e mais comuns é o preenchimento com ácido hialurônico, uma substância absorvível pelo organismo e segura para ser utilizada em procedimentos estéticos.

Outra opção são os bioestimuladores de colágeno com ação preenchedora, como é o caso do Radiesse, também absorvível pelo corpo. Esse produto promove o aumento da produção de colágeno no organismo, dando mais elasticidade e firmeza à pele.

Diferente do PMMA, quando aplicada por um profissional capacitado, dificilmente esses preenchedores causam complicações ou resultam em nódulos na pele.

Riscos e complicações da aplicação de PMMA

Riscos e complicações da aplicação de PMMA
Imagem: Uol Notícias – Saúde e Ciência

Os riscos e complicações com PMMA estão relacionados, principalmente, com o fato de o produto ser permanente. É um material injetável que, apesar de ser biocompatível, não é fagocitado pelo corpo, por causa das características do produto em gel. Isso acontece porque o PMMA se encapsula no local de aplicação e se integra ao tecido. Ou seja, o organismo não consegue absorvê-lo, como acontece com o ácido hialurônico. Por não ser absorvido pelo corpo, pode causar deformações, inflamações e até a morte.

Um exemplo dessas reações é quando feita uma aplicação de PMMA nos glúteos, essa substância fica solta no tecido, então ao fazer os movimentos como levantar, sentar, andar, deitar o organismo identifica o polimetilmetacrilato como um corpo estranho, provocando uma reação inflamatória. Sendo assim, o organismo responde querendo expulsar a substância do corpo.

É comum acontecer endurecimento, pois o gel injetado endurece, sendo possível sentir algo duro no local da aplicação. Além disso pode haver migração e deformação, quando o PMMA, ainda líquido ou já endurecido, se desloca pelo organismo, causa deformação estética. Pode ocorrer também alergia, por ser um produto sintético, as chances de ocasionar reações alérgicas são maiores. Por fim, necrose, quando os grânulos formados pela substância podem comprimir microvasos, prejudicando a circulação sanguínea ou até interrompendo-a.

Junto a isso, após a aplicação do PMMA, o organismo pode reagir a esse “corpo estranho” – o metacril inserido, e reage formando cápsulas de colágeno.

Como são múltiplas pequenas esferas inseridas no corpo, elas podem induzir reações de corpo estranho e que ficará no organismo porque o material não degrada. Em algum momento o corpo vai tentar formas mais efetivas de combater o material estranho, criando um nódulo inflamatório ao redor daquele conjunto que não responde a nada, e esse nódulo é chamado de Granuloma. Os granulomas são normalmente endurecidos, resistentes, as vezes dolorido, são respostas imunológicas exageradas do organismo a algo que não consegue combater de forma eficaz.

Dessa forma, a maior parte das complicações do PMMA não ocorrem no período inicial do tratamento. Nos 2-3 primeiros anos pode não ser observado reações adversas, o problema, quando ocorre, costuma ser após 5-10 anos da aplicação. Nesse período, a reação granulomatosa se inicia e as esferas passam a integrar o granuloma, um nódulo palpável, endurecido, sem reversão. 

Esse nódulo formado, pode ficar estável, ou pode aumentar de volume e criar assimetrias ou defeitos onde o material foi inserido. Além disso, pode comprimir estruturas próximas, havendo necessidade retirada para conter os efeitos.

Quando o PMMA se infiltra nos tecidos musculares a sua remoção fica impossibilitada. Em situações como essa, é preciso retirar parte do tecido junto com o PMMA. Resultando em uma grande cicatriz na região.

Remoção cirúrgica de PMMA

Devido essas complicações, a remoção do PMMA é realizada cirurgicamente. Uma das opções é a retirada com laser e é realizada com anestesia local, sem sedação e ambulatorial.

O laser é uma alternativa no combate as complicações relacionadas ao preenchimento com PMMA. O laser é introduzido, por uma fibra óptica diretamente na região onde está o produto. Ao entrar em contato com o preenchedor, o laser tem a função de fragmentar e destruir o produto. Dessa forma, com o uso do laser não há cicatrizes. Entretanto, o resultado do tratamento depende da quantidade de produto injetado e da reação de cada organismo. Algumas vezes, para melhores efeitos e quando há muito produto é necessário repetir a aplicação do laser.

Remoção cirúrgica de PMMA
Imagem: Uol Notícias – Saúde e Ciência

Outra opção para retirada do PMMA é a remoção cirúrgica. Para tal procedimento é necessário abrir o tecido e fazer uma raspagem na parte interna da pele. Em regiões que a cirurgia pode deixar muita cicatriz, a indicação é a retirada com o laser, no qual é feita um pequeno orifício por onde passa o cabo de fibra óptica. O laser age destruindo o produto.

Tanto o método cirúrgico, como o método a laser a retirada sempre é parcial. Caso tenha sido aplicado produto em excesso, pode ser necessário outras intervenções para melhores resultados. O PMMA é um componente plástico, portanto não é reabsorvível pelo organismo. Uma vez introduzido no organismo, ele se adere a estruturas como músculo, pele e osso, de forma que sua remoção completa é quase impossível mesmo com cirurgia.

Esse texto traz informações gerais acerca do preenchimento com PMMA. Foi esclarecido a definição e complicações que o PMMA pode causar. Dentre as complicações agudas estão embolia vascular, necrose, reação alérgica e infecção. As complicações crônicas são reação inflamatória crônica, granulomas e deformidades.

Se deseja realizar um preenchimento que lhe garanta um bom resultado e seja feito de forma segura, é imprescindível buscar um profissional de confiança. Além disso, é muito importante que sejam utilizados produtos adequados. É fundamental saber qual a marca do produto e pesquisar no site da Anvisa se ela tem liberação para ser comercializada, assim como a data de vencimento do registro. Lembrando que PMMA não é indicado para preenchimentos faciais e corporais.

Para saber qual a indicação para remoção, se a laser ou cirurgicamente, é necessário realizar uma consulta individualizada com o cirurgião plástico, pois assim será possível avaliar quais áreas serão abordadas, o volume necessário a ser retirado, entre outros fatores.

Dessa forma, é fundamental ter um médico especialista de confiança ao pensar em realizar algum procedimento estético. Agende uma consulta especializada e esclareça todas as dúvidas. É fundamental saber qual a marca do produto e pesquisar no site da Anvisa se ela tem liberação para ser comercializada, assim como a data de vencimento do registro.


Dr Vitor Nunes

Cirurgião Plástico
RQE 92622
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